segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

O surgimento da Companhia Paulista de Estradas de Ferro






Relatorio apresentado a Assembléa Legislativa Provincial de São Paulo na primeira sessão da decima oitava legislatura no dia 2 de fevereiro de 1868 pelo presidente da mesma provincia, o conselheiro Joaquim Saldanha Marinho. São Paulo, Typ. do Ypiranga, 1868.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Caminhos de Ferro

         Não tenho a pretenção de justificar a superioridade dos caminhos de ferro.
         Prevendo porem que vos tereis de occupar d'esse assumpto na pressente sessão, quero emittir minha opinião acerca da opportunidade, e conveniencia da linha pojectada de Santos á Jundiahy, para cujaconstucção foi pedido ao Governo Imperial o privilegio, e garantia do juro de 5 por cento por cidadãos, que occupão no paiz grandes posições, e se achão em situação muito favoravel para promover tão grande melhoramento.
        Estou persuadido de que essa empreza pode vingar, e que a nossa situação economica a reclama com urgencia.
        Para prova do que acabo de affirmar consentíreis, que offereça a vossa consideração o calculo dos lucros com que podem contar os capitáes, que procurarem a referida empreza, assim como algumas outras observações relativas a esse objecto.
        O quadro estatistico dos Estabelecimentos ruraes da Provincia, que vos será presente estima a producção actual de Jundiahy, Campinas, Limeira, Constituição, Rio Claro, Mogy-mirim, Araraquara, Casa Branca, Batataes, isto é, dos Municipios, que tem de approveitar toda a via ferrea projectada, em perto de um milhão de arrobas de café, e assucar.
        É um facto geralmente reconhecido que os novos cafesaes existentes nos mencionados Municipios excedem muito aos que dão colheita, e que a producção do café, que é avaliada em mais de 600.000 arrobas presentemente, deve duplicar, e talvez triplicar em poucos annos. 
       Assim devemos contar, que a producção do café, e assucar n'aquelles lugares subirá em quarto ou cinco annos a dous milhões de arrobas. 
       Calcúlo em 300.000 arrobas a quantidade dos generos, que actualmente não são levados ao litoral em consequencia do excessivo preço dos transportes, e que tem de ser condusidos pela via ferrea.  
       Reconheço que toda essa producção não se dirige a Santos. Uma grande parte d'ella é consumida na Provincia de Minas, e nas grandes Cidades, e Villas, que existem n'essa importante linha.
       Cumpre porem notar, que os generos consumidos em Santos e na Capital approveitão-se da linha ferrea, e lhe deixão tambem lucros, e ainda mais que esse consumo é bem compensado pelos generos, que desceráõ de Minas para tomar caminho de ferro, e se não achão no calculo.
       Temos pois Srs., 2:500,000 arrobas de generos para a exportação. Avaliando em um milhão de arobas os generos importados, que tem de percorrer toda a linha para serem levados aos Municipios referidos, e as Provincias de Minas e Matto Grosso, temos 3:500,000 arrobas transportaveis pela estrada de ferro, e que lhe deixaráõ um lucro de 1,050 contos de réis, calculado o frete a 15 réis por legua para cada aroba.
       Avaliando o custo da estrada em 14,000 contos, e as despesas do costeio em metade dos fretes temos para os capitaes da empreza um premio quasi nada inferior a 44 por cento.
       Não menciono aqui os generos, que devem ser recebido, ou deixados nas estações intermediarias; e nem conto com o transporte de pessoas, que terão de approveitar-se da estrada de ferro, e cujo numero deve ser avultadissimo, visto que passão annualmente pela Barreira do Cubatão cerca de 40,000 cavalleiros.
       Não sei se a empreza da linha ferrea de jundiahy poderá contentar-se com a garantia pedida ao Governo Imperial, ou se terá de recorrer a vós paa sollicitar os favores, que em iguaes circunstancias forão prestados pelas respectivas Assembléas ás emprezas das do Joaseiro, Agua-preta, e Parahyba.
       Se a questão de garantia subsidiaria for trasida ao vosso conhecimento, certamente a resolvereis de uma maneira a mais conveniente a Provincia.
       Cumpre-me porem observar-vos, que ainda mesmo que conteis com o pagamento integral da garantia, que avalio em 280 contos de réis annualmente se o capital da empreza for de 14,000 contos, é mister que não percaes de vista as vantagens, que em compensação de similhante sacrificio deve obter a Provincia, se, contra as esperanças de muitos, esses sacrificios não forem logo nullificados pelos gandes lucors promettidos a empreza em virtude da poderosa influencia, que a via ferrea deve exercer sobre o desenvolvimento da producção.
       Essas vantagens são na miha humilde opinião as seguintes:
       O desenvolvimento do commercio de Santos.
       O desenvolvimento do trabalho livre, e colonisação espantosa.
       Redução do preço dos transportes a uma terça parte do que se paga actulmente, o que realisa para a agricultura uma economia extraordinaria.
       Melhoramento dos processos industriaes.
       Augmento excessivo no valor das terras.
       Cessação das despezas avultadas, que actualmente fazemos com a parte da estrada, que tem de ser substituida pela linha ferrea.
       Influencia da facilidade da communicação sobre o estado moral, e politico da Provincia.
       Creação de espirito de empreza.
       Faço votos, Srs., para que taõ grande, e importante melhoramento se realisa. Elle abrirá para o commercio, para agricultura, e para a civilisação esses ferteis e ricos valles, que se estendem até o Paraná, e são formados pelos rios Tieté, Mogy-Guassú e outros.
       As Provincias de Goiaz, Minas e Matto Grosso approveitar-se-hão d'elle tanto, quanto a Provincia, que tendes a ventura de representar. Cumpre pois que confieis no futuro, e vos colloqueis na altura da situação prara que esse melhoramento se realise.  


Discurso com que o illustrissimo e excellentissimo senhor dr. José Antonio Saraiva, presidente da provincia de S. Paulo, abrio a Assembléa Legislativa Provincial no dia 15 de fevereiro de 1855. S. Paulo, Typ. 2 de Dezembro de Antonio Louzada Antunes, 1855.



terça-feira, 2 de agosto de 2011

O carro casa de Avaí

Carro que serviu a Companhia Paulista em Avai, foto: Bellorio 2001


 Com a chegada dos carros de aço carbono e de aço inox, os velhos carros de madeira foram perdendo espaço, até serem leiloados e passar a ter uma serventia um pouco diferente da qual tinham quando estavam operacionais nas ferrovias, assim como esse carro da CP que servia como moradia no município de Avaí - SP.
Aspecto do vidro da porta ainda ostentando o logo CP.
Placa com os dizeres: Officinas da Comp Paulista Rio Claro
Até que um dia alguém que eu não sei quem, comprou o simpático carro de madeira e levou para outra cidade da qual desconheço, desde então não se soube mais noticias desse carro.
Resta a saber quantos carros ainda existem em situações semelhantes.